A sutil arte de ligar o foda-se não é um título comum. Não mesmo! E nem passa batido entre as prateleiras. Nem deve. Esse é um livro que todo mundo deveria se interessar em ao menos saber qual é o assunto. Parece um livro de autoajuda invertido, mas é justamente o que precisamos ler em tempos de “#gratidão”.
O livro não é uma crítica exatamente aos outros livros, mas ele chama atenção para comportamentos que acabaram se tornando uma imposição para quem busca sucesso. De repente o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal viraram uma ditadura. Acorde às 5h da manhã, estude finanças, faça cursos, saia da mediocridade, entre tantas outras coisas que eles dizem.
E o sofrimento? E os dias que estou cansada? E quando não da tempo de fazer tudo? Mas e quem acorda às 5h para pegar ônibus e ir trabalhar, vai meditar que horas? Calma! A sutil arte de ligar o foda-se vem para te mostrar o outro lado disso tudo.
A sutil arte de ligar o foda-se
A primeira lição, já tirada no começo do livro é justamente sobre o sofrimento. Nossa cultura parece fugir da dor e ignorar os dias ruins. Mas eles existem e devem ser vividos como qualquer outro. Aceitar o seu estado de ânimo é a primeira fase da felicidade. Sim, porque aceitar que você está triste te faz mais feliz do que lutar contra a tristeza! Ao negar o que você sente, você gera ansiedade e angústia por não estar se sentindo de outra forma.
Mark Manson, autor do livro, também fala sobre o foco naquilo que ainda não conquistamos. Um foco perigoso, porque mais uma vez, a busca por alguma coisa só reforça que não a temos. Em resumo, com uma frase desse mesmo capítulo, “aceitar que o mundo é uma doideira e tá tudo bem. Sempre foi assim e sempre será.”
O ensinamento que justifica o título do livro vem em seguida. Não é sobre a sutil arte de ligar o foda-se pra tudo e todos, mas é sobre saber com o que vale a pena se preocupar. A felicidade vai ser definida pelas batalhas que você está disposto a lutar. É muito mais sobre o processo do que sobre o resultado. E é por isso que precisamos escolher bem onde colocar a nossa atenção.
Outro ponto interessante que eu colocaria entre as ideias centrais do livro é sobre a forma como vemos a nós mesmos. Com o crescimento das redes sociais e com a produção de conteúdo voltada ao desenvolvimento pessoal e sucesso, ser comum virou sinônimo de ser fracassado. E a maioria de nós é comum! Afinal, somos a maioria. Precisamos ter muito cuidado com os padrões que estamos colocando para pessoas bem sucedidas. Do contrário, podemos estar em uma triste inversão de valores, esquecendo do real significado das coisas.
O verdadeiro autoconhecimento
Acho que um aprendizado que realmente faz diferença na nossa vida é sobre a ideia de autoconhecimento. Quanto antes entendermos isso, acredito que mais leves seremos! Porque tem muita gente por aí falando de autoconhecimento para alcançar o sucesso. E eu acho que o autoconhecimento genuíno é você viver bem e feliz mesmo nos dias de derrota, tristezas e fracassos. E não apenas fingindo que eles não existem ou mesmo evitando-os. O primeiro passo do autoconhecimento é identificar a sua emoção e aceitá-la. E não apenas trabalhar com o lado positivo de tudo! Ao se conhecer de verdade você vai encontrar defeitos e angústias.
E com o autoconhecimento vem a definição dos seus valores. O que é mais importante para você? Valores frágeis se dissolvem e te levam para um lugar comum, sem profundezas. Prazer não é um valor, estar sempre certo, viver somente coisas boas ou padrões comparativos de sucesso também não. Valores que dependem de condições externas provavelmente são valores ruins. Para refletir sobre essa ideia o livro Como Transformar a Sua Vida ajuda bastante e eu já falei dele aqui.
Ainda sobre a tentativa de conhecer a nós mesmos cada vez mais, Mark também defende uma teoria que eu concordo: assumir que estamos errados em muita coisa, talvez quase tudo! E parar de buscar a resposta certa é o melhor caminho. Ao invés disso, devemos apenas tentar eliminar os erros de hoje para estarmos menos errados amanhã. Porque na verdade não existe uma ideologia perfeita, existe a sua experiência e o que pareceu certo pra você.
Outros insights
Mergulhar nessa leitura vai te trazer uma lista infinita de aprendizados. Mark fala muito bem sobre o funcionamento da mente e de como ela é programada para ser eficiente e não necessariamente fiel. O que pode nos acarretar alguns problemas e dilemas. Ele fala também sobre o apego às crenças, que muitas vezes só nos limitam de ver outros pontos de vista, algo que também está ligado aos nossos pensamentos. Mark dedica também boas passagens do livro à importância do fracasso e das atitudes diante de situações adversas.
Entre várias outras ideias sobre relacionamentos, carreira e desenvolvimento pessoal, esse livro é um verdadeiro guia libertador, que tira um peso das costas, que nos alivia da autocobrança, mas nos lembra da auto responsabilidade!
Se você já leu, me conta aqui nos comentários o que achou! No Instagram também tem um vídeo onde eu leio algumas passagens que mais gostei. Assista clicando aqui